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— Maria João


Todos esses trabalhos estão ligados e interligados, como as linhas. Eles se conectam e se completam como uma grande viagem que não tem chegada, apenas caminhos cansados, mas esperançosos e com propósito. É uma forma de sobreviver minimamente, mas sempre existe um momento de respiro, uma pausa entre uma estação e outra para a gente tomar uma água e acalmar o coração.


Precisamos disso, uma pausa. É complicado, mas necessário, ainda mais para quem perde de três a quatro horas dentro de um trem negligenciando a saúde e a alimentação, comendo mal pelas estações, fora toda a pressão que o capitalismo impõe. Quis trazer um pouco de tudo que vejo e de pessoas em que me vejo.


A pesquisa para a série 710710710* se deu nas andanças/deslocamentos, em meio à pandemia. Infelizmente muita gente não parou, e a gente sabe muito bem quem foi. Meu trabalho é sobre o cotidiano, sobre olhar os detalhes e as magias do dia a dia. Tento focar nos momentos mais leves em que nosso corpo relaxa e a gente escapa dos estereótipos que foram atribuídos ao nosso corpo. Mas, lamentavelmente, nem sempre acontece, ainda mais em uma pandemia. Logo me vi reparando muito mais nas coisas durante a pandemia devido à redução de pessoas nas linhas.


Diariamente, tudo acontece muito rápido, o cérebro não processa, e a gente vai vivendo arrastado pelo sistema.



Maria João  710710710 

› Maria João, Braziliancorre.Tintas PVA fosca sobre mapa de bolso, 2022.

Acervo da Pinacoteca de Mauá.Foto: Acervo pessoal.



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› Maria João, Como diz Bauman: Um lance é um lance, um lance não é um romance. Tintas PVA fosca sobre mapa de bolso, 2022.

Acervo da Pinacoteca de Mauá.Foto: Acervo pessoal



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› Maria João, Frio do metrô. TintasPVA fosca sobre mapa de bolso, 2022. Foto: Acervo pessoal


Maria João  710710710 

› Maria João, Em busca de qualidade de vida Tintas PVA fosca e esmalte sobre mapa de bolso, 2022. Acervo da Pinacoteca Mauá.

Foto: Acervo pessoal





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› Maria João, Tem gente que chega pra ficar. Tintas PVA fosca sobre mapa de bolso, 2024. Foto: Acervo pessoal



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› Maria João, Antes de virar abóbora. Tintas PVA fosca sobre mapa de bolso, 2023. Foto: Acervo pessoal



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› Maria João, Foco e progresso. Tintas PVA fosca sobre mapa de bolso, 2022. Foto: Acervo pessoal


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› Maria João, Só Deus sabe como tá a cabeça do palhaço.

Tintas PVA fosca sobre mapa de bolso, 2024. Foto: Acervo pessoal







 

NOTA

* Os números presentes no título do ensaio fazem referência as linhas 7 Rubi e 10 Turquesa da CPTM utilizadas pela artista cotidianamente e que são base desta investigação artística.



 

Maria João


A artista, nascida no Ceará (CE) e residente em Mauá (SP), produz pinturas, esculturas e objetos cotidianos nos quais retrata o cotidiano negro, periférico e LGBTQIAP+, a partir das suas vivências. Sua proposta é registrar e criar ficções em arte das memórias cotidianas daqueles que historicamente não têm direito à memória. Reconhece no seu fazer uma prática ancestral, como fazia sua avó e sua bisavó, produtoras de bonecas, e o avô ourives. Sua produção já esteve presente em exposições como Travessias do moderno em Mauá, em 2022, com curadoria de Maria Luiza Meneses, na Pinacoteca de Mauá, além de outras mostras, como a participação no Sarau do Tapete, em 2021 e 2024. Está em exposição coletiva na Ocupação 9 de Julho (2024). Durante a pandemia, a artista realizou diversas oficinas on-line e recentemente foi assistente de oficina para o projeto Pimp My Carroça.



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