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Agomamentos

— Gomagrupa



A Gomagrupa é uma coletiva de mulheres artistas brasileiras. Nós nos reunimos semanalmente de modo virtual com o intuito de criarmos uma rede de conversas, articulações e produções em arte contemporânea, assumindo perspectivas feministas de maneira crítica, poética e política.


A grupa começou pela iniciativa das artistas Laila Terra e Ana Calzavara um pouco antes do início da pandemia de covid-19, em 2020, num momento em que a necessidade de estar juntas se tornou para muitas urgente. Urgência essa que ganhou novos contornos a partir de março do mesmo ano, através dos encontros virtuais e da necessidade de isolamento social. Desde a sua formação, a grupa passou por diferentes configurações, chegando a contar com mais de 50 integrantes: entre artistas visuais, curadoras, historiadoras, críticas de arte e educadoras.


Celebramos a passagem de cada uma delas pela Gomagrupa!


Com o fim da pandemia e os “novos tempos”, outras possibilidades se apresentaram, e muitas artistas se desligaram da coletiva, por motivos variados. Foi um tempo difícil para as que permaneceram, permeado pelo sentimento da falta e pela procura de uma dinâmica que pudesse fortalecer essa nova configuração. Em muitos momentos nos sentimos perdidas, sem rumo. Mas, com a manutenção dos encontros semanais, na busca de encontrar um sentido para este novo momento, fomos refazendo a nossa liga e construindo outras possibilidades de caminhos a serem trilhados. Com o passar do tempo, surgiu um novo objetivo desejado e somente possível neste período pós-pandêmico: realizar uma exposição presencial. A esse projeto expositivo presencial demos o nome de Entrelinhas.


Desde então, a Gomagrupa é composta de sete artistas que vivem e trabalham em localidades diversas: Ana Freitas (Rio de Janeiro/RJ), Angélica Arechavala (Cotia/SP), Conceição Myllena (João Pessoa/PB), Fabíola Rosa (São Paulo/SP), Mariana Vilela (Ubatuba/SP), Mônica Lóss (San Diego/EUA) e Rosana Mariotto (São Paulo/SP). Nossas proposições são geridas de maneira horizontal através de equipes de trabalho na busca por articulações, parcerias, acolhimento e escuta entre mulheres. No entanto, nem sempre os desejos são os mesmos entre todas as participantes. As negociações são necessárias, e as concessões fazem parte, mesmo que algumas vezes árdua, para que continuemos a existir como grupa.


É na poética dos encontros e na gestão de uma coletividade que aprendemos e avançamos. Talvez o nosso maior desafio seja buscar o equilíbrio a partir da fricção entre nossos diversos desejos a fim de confluirmos. Entrelinhas foi também laboratório dessas práticas-pensamentos.


A obra Agomamentos 1 surgiu quando pensávamos/sentíamos as dificuldades de tecer um corpo coletivo como modo de sustentar uma grupa que se (des)fazia a cada encontro. Elaborar a pergunta: “Por que é importante estarmos juntas?” foi uma forma de tratar a ferida. Fazer uma chamada e convidar outras coletivas a responderem à pergunta foi a superação do trauma do pós-pandemia quando a grupa quase se desfez e ressignificá-lo para os desafios do que é estar e fazer em coletiva hoje para nós.


A exposição Entrelinhas, realizada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, na cidade de São Paulo, em 2023, com a curadoria de Sylvia Werneck, foi a celebração da potência do nosso resistir. A Gomagrupa ainda é uma criança de 4 anos, sabemos que precisamos de mais tempo juntas para ganharmos experiência antes de afirmar como é fazer e estar em grupa. Para o ano de 2024 temos alguns desejos (pistas para onde seguir). Entendemos que temos uma função social de promover um tempo-espaço para encontros, conexões e agomamentos entre mulheres, de forma interdisciplinar, além de ser um lugar de trocas e criação entre as artistas que compõem a coletiva. Seguimos com uma forte vontade de realizar o Agomamentos 2.


Para nós, o fazer juntas tem um valor em si, é potência e desafio.



Gomagrupa coletiva de mulheres artistas



AGOMAMENTOS

(Esta obra foi apresentada no formato

de vídeo instalação na exposição Entrelinhas)





GRUPA

substantivo + advérbio de modo feminino

1.

conjunto de mulheres (cis ou trans) dispostas

a se manterem juntas em agomamentos.


“A grupa se reúne semanalmente para… criar mundos.”


2.

Como ato estético-ético-político.

“Revolucionário é fazer em grupa.”





A.GOMA.MENTOS

a-go-mar


Lançar gomos ou olhos; rebentar-se em brotos (a planta); brotar, germinar: “é tempo de as plantas se agomarem”.


Goma¹ – substantivo feminino – substância mucilaginosa que escorre de certos vegetais ou árvores; seiva. Cola. Grude. Casa. Ajuntamento. “Essas mulheres fazem goma.”




ETIMOLOGIA

aS+goma_ar_terra_água_fogo




O que é o Agomamentos?


Agomamentos é um conjunto de ações artísticas da Gomagrupa destinado a encontros, articulações e produções de conhecimentos entre coletivas de mulheres.


No processo de agomar mentes e corações em afetos, para aproximar os sentidos e os saberes/fazeres, muito nos interessou compreender os tipos de aglutinação, sobretudo motivo-e-ações que ligam mulheres. Se há junção, há goma. Há gomamentos. Que goma é essa?


Para tanto, pensamos e articulamos a chamada aberta às mulheres cis e trans de diversas áreas sem restrição de localidade. Não houve seleção. A ideia era abrir para quem quisesse chegar e gomar. Com as nossas chamadas públicas buscamos construir um espaço político mais de inclusão que de exclusão, para mostrar ao público ações feitas por mulheres.


Com as participantes, promovemos encontros virtuais e produzimos o vídeo Agomamentos 1, que reúne depoimentos de mais mulheres que se “agomam” e encontram maneiras de seguirem juntas, apesar das dificuldades.


A obra Agomamentos 1 é um tempo-espaço de partilha, um arrepiar a pele, um convite a aprendizados. Ouvir, aprender e fazer circular o saber compartilhado é inspirar outras mulheres a se agrupar. E foi a colaboração de oito grupas que abraçaram a ideia e encontraram suas maneiras de devolução a essa pergunta, através de depoimentos, que tornou possível a obra em vídeo. São elas: Nove Movimentos, Papel Mulher, Mulheres Mato, Arte e Maternagem, Casa Maria Felipa, Coletiva Mãe Artista, Nosso Armário Coletivo e As Tarcilas.


Ouvir essas coletivas respondendo à pergunta: “Por que é importante estar e fazer em grupas e coletivas?” nos fez entender a importância revolucionária de mantermos viva essa tecnologia ancestral: agir-fazer-estar em grupo, no caso grupa. A.goma.r-se como sendo uma tática estética-ética-política diante de tempos que privilegiam o individualismo.


Incentivamos o grude, a cola, a goma. É preciso se misturar ao processo, diluir identidades e egos e, juntas, criar um corpo coletivo para seguir fazendo mundos, mais afirmativos e salutares.


Para nós, Goma é brincadeira, goma é grude, é estar entre diferentes, é fricção. Viver coletivamente é uma festa! Celebração! Celebrar em voz alta ou em silêncio. A alegria dos encontros e dos desencontros.


Celebrar nos gestos das mãos que pintam, costuram, vacilam, cuidam, desenham, tocam o corpo, esculpem, arrumam a casa, protestam por um mundo menos violento, mais amoroso, justo e vivo. A.gomar é fazer junto com as crianças, com as plantas, com os bichos, com muitas mulheres.


Revolucionário é fazer em grupa!



 

Gomagrupa


Coletiva de mulheres artistas brasileiras que se reúne virtualmente desde março de 2020. Passou por diversas configurações e, atualmente, é composta de sete artistas que vivem e trabalham em locais diferentes: Ana Freitas (Rio de Janeiro/RJ), Angélica Arechavala (Cotia/SP), Conceição Myllena (Crato/CE), Fabíola Rosa (São Paulo/SP), Mariana Vilela (Ubatuba/SP), Mônica Lóss (San Diego/EUA) e Rosana Mariotto (São Paulo/SP). A coletiva tem o intuito de criar articulações, redes de conversas e produção de arte contemporânea, assumindo perspectivas feministas de maneira crítica, poética e política.  Realizou a exposição virtual 1,5 metros (2020), que resultou em um catálogo (2022); no FIXE Festival (Portugal, 2021) na Revista Têmpera, edições 9 e 10 (2022); exposição Entrelinhas, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, com a curadoria de Sylvia Werneck.



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